O Presidente norte-americano, Joe Biden, afirmou uma posição de liderança dos Estados Unidos na luta contra as alterações climáticas com o seu discurso esta sexta-feira na Cimeira do Clima das Nações Unidas, em Sharm el-Sheikh. Apresentou uma série de compromissos que considerou capazes de fazerem acelerar a redução das emissões de gases com efeito de estufa .

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“A crise climática tem que ver com a segurança da humanidade, segurança ambiental, segurança nacional, e a própria vida no planeta”, afirmou o Presidente dos EUA, que apresentou como trunfo a legislação aprovada pelo Congresso dos EUA que garante 370 mil milhões de dólares para investimentos em energias renováveis . Esta lei é a grande aposta para reduzir as emissões norte-americanas de gases com efeito de estufa . “O nosso investimento em tecnologias limpas vai desencadear um ciclo de inovação que será disponibilizado ao mundo inteiro”, assegurou.

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“O Governo dos EUA é o maior cliente do mundo, todos os anos faz compras no valor de 630 mil milhões de dólares”, explicou Joe Biden. Agora, pretende usar essa força enquanto consumidor de bens e serviços para exigir aos seus principais fornecedores que estabeleçam metas de redução das emissões alinhadas com os objectivos do Acordo de Paris

Reduzir as emissões de metano em 87% da indústria do petróleo e do gás, comparando com os níveis de 2005, obtendo ao mesmo tempo benefícios económicos, foi um dos compromissos mais sonantes feitos por Joe Biden. “O metano é um gás de estufa 80 vezes mais potente do que o dióxido de carbono e, no entanto, há fugas deste gás em muitas explorações petrolíferas”, disse o Presidente dos EUA, anunciando um maior esforço para regular o sector. O Plano de Acção de Redução das Emissões de Metano foi actualizado e inclui mais de 20 mil milhões de dólares em novos investimentos para reduzir as emissões de metano, disse

Biden saudou a iniciativa revelada nesta sexta-feira do Programa de Ambiente das Nações Unidas, que apresentou o novo Sistema de Alerta e Resposta ao Metano (MARS , na sigla em inglês), uma base de dados pública que mapeia fugas de metano detectadas a partir do Espaço por satélites, feita com o apoio de 119 países. O Presidente dos EUA recordou também que mais de 130 países assinaram já o Compromisso Global para a Redução do Metano – que agora cobre mais de metade das emissões deste gás e cerca de dois terços da economia global

“Se conseguirmos acelerar projectos que são determinantes para alterar a situação, conseguiremos cumprir as metas do Acordo de Paris (de limitar o aquecimento global a 1,5 graus acima da temperatura média anterior à Revolução Industrial)”, insistiu Biden. “A ciência é terrivelmente clara , temos de fazer progressos vitais até ao fim desta década”, afirmou

Acompanhe a COP27 no Azul A Cimeira do Clima das Nações Unidas é o ponto mais alto da diplomacia em torno das alterações climáticas, onde os países discutem como travar as emissões de gases com efeito de estufa que causam o aquecimento global. Este ano é no Egipto, de 6 a 18 de Novembro.  Acompanhe aqui a Cimeira do Clima

O discurso do Presidente foi interrompido momentaneamente por gritos, que fizeram Biden hesitar por um momento. Eram de activistas dos EUA a protestar, exibindo faixas a exigir que o Presidente dos EUA deixe de apoiar a extracção de combustíveis fósseis , diz o Guardian . Foram levados para fora do plenário por elementos da segurança

A guerra não esteve ausente do discurso de Biden em Sharm el-Sheikh. “A guerra da Rússia [contra a Ucrânia] só torna mais urgente a necessidade de o mundo fazer a transição da sua dependência dos combustíveis fósseis”, sustentou o Presidente dos EUA

Biden recordou que tem uma longa história de preocupação com o clima: “Introduzi a primeira proposta legislativa relacionada com o clima no Senado dos EUA em 1986. Como Presidente dos Estados Unidos, posso dizer com confiança que vamos cumprir os nossos objectivos – reduzir as emissões de gases com efeito de estufa em 50% a 52%, com base nos valores de 2005, até 2030″, prometeu

“Todos têm de agir, é um dever e uma responsabilidade dos líderes globais. Os países em desenvolvimento devem ser ajudados pelos países mais ricos a fazer a sua transição energética. Se os países mais industrializados podem financiar projectos para explorar carvão nos mais pobres, porque é que não apoiam projectos de energias renováveis?”, interrogou

E as perdas e danos? A Administração Biden tem o objectivo de quadruplicar o dinheiro destinado ao apoio da acção climática para atingir 11 mil milhões anuais. Quer duplicar para 100 milhões de dólares o montante prometido para adaptação pelos EUA com o objectivo de canalizar 100 mil milhões anuais para os países mais vulneráveis às alterações climáticas (até agora nunca cumprido). Prometeu ainda acelerar o Plano de Emergência para Adaptação e Resiliência em África (PREPARE, na sigla em inglês)

O objectivo do PREPARE é financiar iniciativas de adaptação às alterações climáticas que beneficiem mais de meio milhão de pessoas nos países em desenvolvimento durante esta década, diz um documento divulgado pela Casa Branca . Estes montantes, no entanto, estão dependentes de aprovação pelo Congresso dos EUA, cuja composição se está a definir por estes dias, após as eleições intercalares de terça-feira

Biden não pronunciou nunca a expressão “perdas e danos”, o tema que tem atravessado toda esta COP27, mas expressou apoio à iniciativa Global Shield, acordada entre o G7 (as nações mais industrializadas) e o grupo V20 (que junta as nações mais vulneráveis às alterações climáticas)

Sabe-se ainda pouco sobre esta iniciativa , mas, pelo que foi divulgado, seria um esquema semelhante à criação de seguros para as perdas e danos sustentados pelos países em desenvolvimento quando atingidos por fenómenos relacionados com as alterações climáticas, como cheias, ciclones ou secas, por exemplo

“O futuro está nas nossas mãos”, disse Biden, a terminar o discurso na COP27. “Um planeta preservado, mais justo e próspero para os nossos filhos, é por isso que estamos aqui, é por isso que trabalhamos. Estou confiante de que vamos conseguir fazê-lo.”

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