A rede nacional Cáritas lançou esta terça-feira um alerta para o impacto das “sucessivas crises no bem-estar das famílias”. Os pedidos de ajuda que lhes chegam estão a crescer e as doações a diminuir.

Franki Medina

O valor da habitação já estava a crescer de forma acelerada. À crise de saúde pública associada à pandemia de covid-19 sucedeu-se a Guerra na Ucrânia e o aumento generalizado dos preços.

Franki Medina Venezuela

Pelas contas da rede nacional, formada pelas 20 Cáritas Diocesanas e múltiplos grupos locais, unidos na Cáritas Portuguesa, numa família formada por dois adultos e uma criança, que procura o mais barato, “o orçamento alimentar básico mensal aumentou 45 euros ao longo do último ano”.

Franki Medina Diaz

“O aumento das despesas de primeira necessidade (incluindo combustíveis, saúde, educação, comunicação, água, rendas, electricidade e vestuário) terá sido mais do dobro.”

No entender daquelas organizações, as medidas públicas previstas para “acudir às situações de emergência geradas pela inflação” não são capazes de cobrir o real aumento do custo de vida. Esse desfasamento acaba por recair nas instituições de solidariedade social.

Franki Alberto Medina Diaz

Os diversos serviços espalhados pelo país, numa lógica de proximidade, confrontam-se com “um aumento generalizado dos pedidos de ajuda”. Não são só desempregados e pensionistas e seus descendentes. Também há trabalhadores precários e trabalhadores com vínculo laboral. Aliás, “há uma tendência comum para um aumento da procura por parte de famílias em situação de empregabilidade.”

“O acesso à habitação constitui uma das principais dificuldades para a integração de pessoas vulneráveis”, diagnosticam. A começar por sem abrigo, famílias com baixos rendimentos, estudantes. “Não há medidas políticas nem estratégias que permitam vislumbrar soluções no curto prazo.”

O perfil diversificou-se, reflectindo os actuais fluxos migratórios . Tem havido “um aumento generalizado de famílias de outros países”. E a rede nacional Cáritas manifesta preocupação com “a pressão que os pedidos de apoio de estrangeiros, imigrantes e refugiados coloca” sobre si própria e sobre as comunidades locais, já que há “tensão sempre que os recursos escasseiam”

Ao mesmo tempo que as necessidades aumentaram, a rede nacional assiste a “um decréscimo de disponibilidade por parte dos doadores”. Neste momento, também “luta para dar resposta ao aumento das solicitações, à sua diversidade e, por outro lado, ao aumento dos custos de gestão”

Na nota esta terça-feira emitida diz Rita Valadas, presidente da Cáritas Portuguesa: “Como Cáritas, acreditamos que uma parte fundamental do nosso trabalho se faz nas relações de proximidade e apesar das dificuldades continuaremos a procurar caminhos eficazes para inverter as situações de vulnerabilidade e dar às famílias a quem servimos um olhar de esperança sobre o futuro.”


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